Srettha Thavisin eleito primeiro-ministro da Tailândia após três meses de impasse político

Candidato pelo partido Pheu Thai, Thavisin conquistou o apoio dos deputados da Câmara Baixa e da maioria dos senadores.

O magnata Srettha Thavisin foi eleito primeiro-ministro pelo Parlamento bicameral da Tailândia esta terça-feira, após mais de três meses de impasse político desde as eleições de maio.

Candidato pelo partido Pheu Thai, Thavisin conquistou o apoio dos deputados da Câmara Baixa – eleitos através do voto da população – e da maioria dos senadores – indicados pela antiga junta militar (2014-2019).

A coligação liderada pelo Pheu Thai, que inclui outras 10 formações – nomeadamente duas ligadas aos militares que protagonizaram o golpe de 2014 -, obteve o apoio de 330 das quase 500 cadeiras na Câmara Baixa e de 152 dos 249 senadores.

Srettha, próximo do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, alistou-se nas fileiras do partido Pheu Thai em 2022 e renunciou há alguns meses ao cargo de administrador-geral da Sansiri, uma das principais empresas de construção da Tailândia, para se concentrar na sua carreira política.

Com a votação de hoje, o Pheu Thai, segundo colocado nas eleições de maio, acabou com o impasse que a Tailândia vivia desde as eleições de 14 de maio devido à vitória inesperada do partido Avançar, uma formação progressista que pretende separar os militares do poder e reduzir o poder da monarquia.

Apesar da vitória nas urnas, a coligação liderada pelo Avançar não conseguiu formar um governo após a oposição do Senado.

Em 2 de agosto, o Pheu Thai decidiu criar a sua própria coligação, à qual se juntaram várias formações conservadoras, incluindo os partidos pró-militares Palang Pracharat e o Nação Unida da Tailândia.

A eleição de Srettha Thavisin, de 60 anos, coincidiu com o regresso de Thaksin Shinawatra à Tailândia.

O Supremo Tribunal tailandês ordenou hoje a detenção de Shinawatra e indicou que deve cumprir oito anos de prisão, no dia em que o antigo governante regressou ao país após 15 anos de exílio.

No entanto, o regresso ao poder do partido associado à sua família, o Pheu Thai, poderá dar-lhe a esperança de um perdão ou de garantir uma redução da pena.

O bilionário Shinawatra, de 74 anos – que esteve no poder entre 2001 e 2006 antes de ser derrubado por um golpe de Estado – deverá cumprir oito anos de prisão devido a três casos julgados à revelia, relacionados com a sua gestão do país e a da sua antiga empresa Shin Corp.

Acusado de corrupção, o magnata das telecomunicações foi levado sob escolta policial para o Supremo Tribunal pouco depois de ter chegado ao aeroporto Don Mueang de Banguecoque, no seu jato privado, proveniente de Singapura.

Desde a queda de Shinawatra, a Tailândia tem vivido em profunda instabilidade política que tem mantido o país num ciclo entre protestos antigovernamentais, períodos ditatoriais liderados por militares e vazios democráticos.