Sindicato congratula-se com número de colocados mas alerta para pressão nos docentes
Para o Sindicato Nacional do Ensino Superior, o envelhecimento do corpo docente, que tem assistido ao aumento das saídas por aposentação, é um problema a ter em conta, bem como a perda de poder de compra daqueles profissionais.
O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) congratulou-se este sábado pelo número elevado de alunos colocados na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES), mas alertou para a pressão que coloca sobre os docentes.
“Estamos contentes que o número de alunos a entrar no ensino superior se mantenha elevado, de todos os modos isto para os docentes do ensino superior causa alguma pressão”, disse à Lusa o presidente do SNESup, José Moreira.
Quase 50 mil alunos ficaram colocados na primeira fase do CNAES, um número ligeiramente abaixo do registado no ano passado, mas que representa a entrada de 84% dos candidatos.
Para o dirigente sindical, o envelhecimento do corpo docente, que tem assistido ao aumento das saídas por aposentação, é um problema a ter em conta, bem como a perda de poder de compra daqueles profissionais.
“O ensino superior é também um serviço público, tal como o Serviço Nacional de Saúde ou a Justiça, e quando os profissionais começam a ser mal tratados e as carreiras começam a perder atratividade, o que nós estamos a fazer é tirar dinheiro do bolso dos contribuintes, que é quem nos mantém”, apontou José Moreira.
O SNESup vê ainda com “grande preocupação” o facto de ter havido 38 cursos aos quais nenhum aluno concorreu, na maioria em politécnicos e nas áreas de engenharias, o SNESup.
“Para o país, não dar importância aos técnicos superiores é um problema grave, porque parece que continuamos a assistir a uma economia de serviços de baixo valor acrescentado, como é caso do turismo e hotelaria”, defendeu José Moreira.
Para o responsável sindical, o país deve “procurar outros caminhos”, que passam “pela especialização tecnológica e por inverter a questão de haver pessoas altamente especializadas com salários diminutos”, sob pena de continuar a formar profissionais que vão trabalhar para outros países.