Rússia recupera corpos de passageiros do avião em que viajava Prigozhin

Os corpos das vítimas já foram recuperados e estão em curso testes genéticos moleculares para identificar os corpos.

As autoridades russas anunciaram hoje a recuperação dos corpos das 10 pessoas que morreram na queda do avião que transportava o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, bem como os gravadores de voo da aeronave.

“Os corpos de 10 vítimas foram recuperados no local da queda do avião. Testes genéticos moleculares estão em curso para estabelecer as identidades. Os gravadores de voo foram apreendidos pelos investigadores e um exame pormenorizado da cena está em andamento”, informou o Comité de Investigação Russo, na conta da rede social Telegram.

O presidente russo, Vladimir Putin, tinha prometido uma investigação aturada à queda do avião que transportava vários dirigentes do Grupo Wagner, incluindo Prigozhin, e que caiu na passada quarta-feira, quando viajava de Moscovo para São Petersburgo.

Nas operações em curso, o Comité de Investigação Russo diz que “também foram apreendidos objetos e documentação importantes para apurar todas as circunstâncias do acidente”, prometendo que serão realizados “os exames forenses necessários”.

O Comité disse ainda que, no âmbito das investigações, lideradas pelo governador da região de Tver, Igor Rudenya, os serviços de emergência começaram a recolher amostras genéticas dos 10 corpos “para determinar a sua identidade”.

O Kremlin negou hoje qualquer envolvimento na queda do avião.

“É uma mentira absoluta”, disse o porta-voz presidencial, Dimitri Peskov, referindo-se aos rumores sobre a intervenção do Kremlin na queda do avião que transportava o líder do Grupo Wagner.

O desastre aéreo ocorreu dois meses de Prigozhin ter iniciado uma rebelião armada contra as lideranças militares de Moscovo, que foi travada por mediação de Alexander Lukashenko, presidente da Bielorrússia, para onde parte do Grupo Wagner se transferiu após o líder do Kremlin, Vladimir Putin, ter acusado de traição o líder dos mercenários e seu antigo colaborador próximo.

As autoridades russas disseram que Prigozhin estava na lista de passageiros do avião que se despenhou na quarta-feira, por razões desconhecidas, durante um voo entre Moscovo e São Petersburgo, onde se situa a sede do Grupo Wagner.

A morte de Prigozhin continua a ser presumida, uma vez que os testes de ADN para identificar os corpos das 10 pessoas que estavam a bordo ainda não foram concluídos.

Os investigadores não se pronunciaram sobre as pistas que estavam a examinar, não mencionando nem a teoria de um acidente nem a de uma bomba, de um míssil terra-ar ou de um erro de pilotagem.

A queda do avião associado ao Grupo Wagner levantou imediatamente suspeitas de um assassinato orquestrado ao mais alto nível do poder russo por Prigozhin ter protagonizado uma rebelião contra o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, em junho.

O presidente norte-americano, Joe Biden, em declarações aos jornalistas na quarta-feira, disse acreditar que Putin estava provavelmente por detrás do acidente.

“Não sei de facto o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Não há muita coisa que aconteça na Rússia que não tenha a participação de Putin”, afirmou na altura.

Putin, que considerou Prigozhin um traidor após a rebelião armada de 23 e 24 de junho, prestou homenagem na quinta-feira à noite, após 24 horas de silêncio, à memória de “um homem talentoso que cometeu alguns erros graves”.