Rancho com 85 anos de atividade em risco de ser despejado da Baixa de Coimbra

Família dona do prédio quer vender edifício à Câmara de Coimbra por 100 mil euros, mas autarquia diz que recuperação custará mais de um milhão.

O Rancho Tricanas de Coimbra, com 85 anos de atividade, está em risco de ser despejado do edifício que ocupa na Baixa da cidade, por vontade dos proprietários em venderem o imóvel, afirmou hoje o presidente do grupo.

“Temos 85 anos de vida sempre no mesmo sítio e agora estamos quase com uma ordem de despejo, não por falta de pagamento, mas porque os inquilinos querem vender aquilo”, afirmou hoje o presidente do Rancho Tricanas de Coimbra, Manuel Silva, que falava durante uma conferência de imprensa sobre a Mostra de Teatro Galego em Coimbra, iniciativa na qual o grupo colabora.

Questionado pelos jornalistas, o responsável aclarou que o edifício foi posto à venda por 100 mil euros, mas o rancho não tem qualquer capacidade financeira para comprar o imóvel, que se encontra bastante degradado.

“Não sei o que irá acontecer [se o edifício for vendido]”, lamentou, esperando que haja possibilidade de a Câmara de Coimbra garantir uma solução para a permanência do Rancho Tricanas de Coimbra na Baixa da cidade.

Manuel Silva, do Porto, vive há dez anos em Coimbra e está à frente das Tricanas de Coimbra há cinco, mas vincou que não quer “deixar morrer aquilo”.

“Sem aquilo, também não faço nada. Se tivesse dinheiro, comprava, não tenha dúvidas”, afirmou.

Questionado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, referiu que a família proprietária do edifício propôs uma venda do edifício ao município por 100 mil euros.

“Manifestámos o nosso possível interesse futuro, porque são 100 mil euros para o comprar, mas mais de um milhão de euros para o recuperar. Isso cria dificuldades acrescidas, porque a Câmara de Coimbra não tem orçamento que lhe permita acorrer a tudo”, salientou.

Apesar disso, a autarquia manifestou o seu “interesse em visitar o espaço e em dialogar”, mas notou que o prazo colocado pela família – um mês para uma resposta – será impossível.

“A Câmara tem todo o interesse em salvaguardar o património histórico e cultural da cidade, mas há limites, sobretudo quando os prazos são curtos e quando falamos de edifícios extremamente degradados, cuja recuperação exige um esforço financeiro imenso”, acrescentou José Manuel Silva.