Mais do que outros (não muitos como alguns gostam de agoirar) como a excessiva burocracia, a falta de organização e eficiência do Estado, ou, ainda e para surpresa de muitos, a falta de qualificações dos portugueses, neste preciso momento o principal problema do país é o enorme êxodo de jovens para o estrangeiro.

Após intensos ciclos de desenvolvimento económico e social, invertendo a nossa – histórica – tendência para a emigração (sempre na “flor da idade”), onde, particularmente nos anos 80 e 90 do século passado, nos tornámos um país de atração para os outrora distantes países do antigo Bloco de Leste, eis que – à imagem do sucedido nos trágicos anos 60 e 70 — um continuado drama assola a maioria das famílias portuguesas, e, não já apenas das menos favorecidas. A emigração massiva dos seus filhos.

E a que se deve este triste fenómeno?

Anos sucessivos de pensamento e ação políticas de curto prazo, dirigidos – na sua esmagadora maioria – a massas domesticadas de eleitores, de inabaláveis direitos adquiridos, em particular, de funcionários públicos, pensionistas e outros beneficiários de apoios estatais, levaram ao abandono total do investimento no futuro de qualquer sociedade, os mais jovens, com uma preocupante “infantilização” da sua própria condição.

A sua (nossa) emancipação, como a de todos os seus antepassados, só poderá ser plenamente concretizada com o efetivo acesso a condições mínimas de conforto garantidas pela trilogia Habitação, Educação e Trabalho.

E não é, certamente, com as condições que, enquanto sociedade, disponibilizamos aos nossos jovens – altamente qualificados e ambiciosos, como só os jovens o são – que cá permanecerão.

Um verdadeiro drama nacional.

Com uma espiral de terror assente em baixos salários, num autêntico saque fiscal e com preços proibitivos na habitação, a estes jovens, sucessivos governos diretamente apontaram a saída do país, a troco de uma meramente tática substituição direta por uma imigração “low cost” e menos qualificada.

Ainda, o maior (talvez o único verdadeiro) elevador social, a Educação, em particular a Escola Pública, que após décadas de investimento e sucesso, assistiu – tal a obsessão ideológica – nos últimos anos, a uma autêntica “quebra dos seus cabos de aço”, perspetivando uma inédita geração que viverá pior do que os seus pais.

É este o país que queremos?

Sendo que nenhum país progride com a saída progressiva dos seus jovens, como poderemos inverter o paradigma?

Ao invés das fantasiosas e fechadas políticas de discriminação positiva de “nicho” para satisfazer clientelas, mais ou menos, ocultas e corporativas, são sim necessárias medidas para aqueles que serão o sustento do nosso país, sejam elas no mercado de trabalho, na política fiscal, na habitação ou, no domínio social.

Portugal tem de se (voltar a) tornar um país de atração, para quem vem, mas, particularmente, – sob pena de se tornar (se não o é já) um país sem futuro – para quem cá nasce, cresce e estuda.