PCP acusa direita de “campanha orquestrada” para promover injustiça fiscal
Durante a intervenção na Festa do Avante, líder parlamentar comunista disse que objetivo da campanha é promover os “interesses dos grandes grupos económicos”.
A líder parlamentar do PCP considerou hoje que as “forças de direita reacionárias” estão a orquestrar “uma campanha” em torno da questão dos impostos, com o objetivo de aumentar a injustiça fiscal e promover os “interesses dos grupos económicos”.
“Fica clara esta campanha que está a ser orquestrada pelas forças de direita reacionárias, com grande projeção mediática”, afirmou.
A deputada intervinha na Festa do Avante!, num debate com o tema “Quem paga e para que servem os impostos em Portugal? Para uma política de justiça fiscal”.
Paula Santos considerou que os objetivos desta “operação que está orquestrada em torno dos impostos” passam por “agravar a injustiça fiscal” e aumentar a “degradação de serviços púbicos”, bem como desvalorizar a “luta por melhores salários”, e acusou estes partidos de instrumentalizarem e enganarem os portugueses, uma vez que pretendem “defender os interesses dos grupos económicos”.
A deputada e membro da Comissão Política do Comité Central do PCP afirmou que “os partidos da política de direita” querem uma “tributação mais pesada sobre os trabalhadores para aliviar os grupos económicos e o capital”.
Acusando estes partidos de procurarem “criar a ideia de que o problema são os impostos e são eles que impedem investimentos e melhores salários”, a dirigente comunista contrapôs que “não há forma de aumentar salários que não seja pela via da sua subida nominal”.
A líder parlamentar do PCP apontou também que “é preciso mais receita, mas é preciso que ela seja arrecada com uma justa política fiscal”.
Na mesma linha, Vasco Cardoso, da Comissão Política do Comité Central, falou numa “operação ideológica em torno dos impostos” que é “muitíssimo profunda”, e apontou que visa “aliviar e branquear a responsabilidade do capital”.
“A lógica que procuram meter na cabeça dos trabalhadores é que não é o patrão que os explora, é o Estado que vai buscar parte do salário por via dos impostos”, tentando que os funcionários não confrontem a “natureza exploradora do sistema e o patronato”, mas que exijam um “alívio fiscal, que depois se vai refletir sobretudo sobre rendimentos do patrão”, afirmou.
Defendendo que “há impostos que devem subir e impostos que devem baixar”, o dirigente comunista referiu que o problema se prende com “injustiça fiscal”.
De seguida, o deputado Duarte Alves realçou os “avanços relevantes” que foram possíveis durante o período da ‘geringonça’ “por iniciativa do PCP” em termos de impostos e lamentou que “só não se foi mais longe porque muitas vezes houve convergência do PS com os partidos de direita para recusar as propostas do PCP”.
No que toca às propostas que o PCP tem apresentado mais recentemente, afirmou que o partido quer “baixar o IRS para a grande maioria dos trabalhadores”, baixar a tributação sobre a energia, e “acabar com regimes de privilégio fiscal, como o regime dos residentes não habituais.
O deputado aproveitou também para comentar a proposta do PSD de redução de impostos, apontando que os sociais-democratas “sempre que estiveram no Governo agravaram impostos”.
Duarte Alves notou também que “as propostas do PSD incidem sobre os rendimentos mais altos” e “esquecem completamente o IVA, porque todos pagam” esse imposto, enquanto “há uma parte da população que está isenta de IRS”.
A “principal crítica” do deputado comunista – coordenador do partido na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças – foi dirigida à “ideia de isentar TSU sobre os prémios”, acusando o PSD de “atacar as receitas da Segurança Social, as reformas futuras dos trabalhadores” e “promover uma política dos baixos salários”.
A Festa do Avante!, certame político-cultural do PCP que assinala a ‘rentrée’ comunista, arrancou na sexta-feira e decorre até domingo na Quinta da Atalaia, no Seixal (distrito de Setúbal).
O ponto alto será o comício de encerramento, no domingo ao final da tarde, altura em que Paulo Raimundo fará o seu primeiro discurso na Festa do Avante! enquanto secretário-geral, cargo que ocupa desde o final do ano passado.