NATO rejeita risco de Roménia ser arrastada para a guerra

Autoridades romenas confirmaram, por duas vezes, ter descoberto fragmentos de drones em solo romeno, num contexto de ataques contínuos das forças russas aos portos ucranianos do rio Danúbio.

O secretário-geral adjunto da NATO garantiu hoje “não haver risco” de a Roménia, membro da Aliança Atlântica, ser arrastada para uma guerra após a recente descoberta de fragmentos de ‘drones’ perto da fronteira com a Ucrânia, sob invasão russa.

“O mais importante é confirmar que não há indícios de uma ação deliberada [da Rússia] para atingir o território romeno e, consequentemente, o território da NATO, disse Mircea Geoana aos jornalistas durante uma visita a uma escola perto da capital romena, Bucareste.

Os comentários do “número dois” da NATO surgem dias depois de as autoridades romenas terem confirmado, por duas vezes, a descoberta de fragmentos de drones em solo romeno, num contexto de ataques contínuos das forças russas aos portos ucranianos do rio Danúbio.

Mas a proximidade dos ataques russos do outro lado do Danúbio levou a que os cidadãos romenos temessem que a guerra pudesse alastrar ao país.

“Quando ouvimos os sons da guerra a algumas centenas de metros da nossa casa, do local onde trabalhamos, isso gera emoção e ansiedade. Mas não há qualquer risco de a Roménia se envolver neste conflito”, disse Geoana, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros romeno e ex-embaixador nos Estados Unidos.

Sábado, após a segunda descoberta de fragmentos de drones, o presidente romeno, Klaus Iohannis, afirmou que são “semelhantes aos utilizados pelo exército russo” e que o incidente indica que houve “uma violação absolutamente inaceitável do espaço aéreo soberano da Roménia, um aliado da NATO, com riscos reais para a segurança dos cidadãos romenos na área”.

“Quero tranquilizar os cidadãos romenos e, em especial, os que se encontram na fronteira do Danúbio com a Ucrânia, dizendo-lhes que não há razões para se preocuparem”, sublinhou Geoana, acrescentando que tenciona visitar as zonas do Danúbio. “Talvez a minha presença seja uma mensagem de confiança e calma”, referiu.

Na semana passada, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que os aliados assistiram já a “outros incidentes, na Polónia e noutros locais”, mas não entrou em pormenores.

Ao abrigo da garantia de segurança coletiva do artigo 5.º da NATO, os 31 países da organização comprometem-se a ajudar qualquer membro em caso de ataque. A NATO tem receio de ser arrastada para uma guerra mais vasta com a Rússia, por qualquer incidente ou erro menor.

Referindo-se à cimeira da NATO realizada em julho, em Vílnius, Geoana afirmou que os líderes da Aliança Atlântica conceberam uma nova geração de planos de defesa “exatamente para este tipo de situação, ou pior ainda, para casos de ataques deliberados”, que foram concebidos para a região.

Geoana disse também que se congratula com os planos dos Estados Unidos para complementar o policiamento aéreo da Aliança na região do Mar Negro, bem como com o aumento do número de tropas da NATO para as 5 mil já estacionadas na Roménia.

“Isto deverá tranquilizar-nos e dar-nos muita confiança e calma”, afirmou.

Depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, em fevereiro de 2022, a NATO reforçou a presença no flanco oriental da Europa, enviando grupos de combate adicionais para Roménia, Bulgária e Eslováquia.

“Imaginem o que teria acontecido se não fôssemos um Estado-membro da NATO. Pertencemos à aliança mais forte da história da humanidade”, concluiu Geoana.