Oi, gente. Daqui Marcelão curtindo umas ondas no Rio e tirando umas selfies com a galera local. Comigo na praia também está o mermão Pedrão, ministro da Cultura, um cara muito maneiro com quem dá pra trocar umas ideias. Eu zoei um pouco com ele, falei que ele mamou uma grana legal na comissão do 25 de Abril e não fez porra nenhuma lá. O Pedrão ficou meio bolado comigo, falou que eu também não faço buiúfas há seis anos na Presidência. Aí, eu falei, “Nossa, o cara é brabo”, e como malandro que é malandro não estrilha e muda de esquina, eu mudei logo de assunto e não dei troco pra ele. Eu pego ele mais à frente. Camarão que dorme, a onda leva, e esse Pedrão vai dançar por ficar zoando comigo. Tá pensando o quê, ó cara?

E aí, eu tava de bobeira na praia, pegando umas ondas, e chega a notícia que o Bolsonaro vai dar bolo no nosso almoço. Nossa Senhora, fiquei cabreiro. Gente, deu um tilt na minha cabeça e não tô pensando nada. Ô Bolsonaro, qué isso? Tô te estranhando. Cê tá bugado?

O Bolsonaro ficou brabo que eu vou em Sampa dar um rango com o mermão Lula. O Lula é um cara muito legal e é só um almoço, nem vai ter balada a seguir nem nada. Vamo ficar muito na nossa. Ô Bolsonaro, não esquenta e fica frio, e vamo manter o nosso almoço também. Pô, cara, eu tô em viagem e dá jeito filar uns almoços pois o Costa, esse pão-duro, cortou nas despesas de representação. Jair, libera essa pra mim.

Vou falar prá vocês, esse Bolsonaro é assim um babaca, mas o cara é Presidente do Brasil. Na última vez que a gente se trombou lá em Brasília, foi aquela vergonha e eu fiquei de saco cheio. O cara ficava contando piadas de português e, aí, eu dei um chega pra lá nele e falei: “E aí, ó Bolsonaro, se manca, ó babaca. Fica de bobeira com os portugas, eu sou Presidente de Portugal, muda de esquina.” Comigo, se o cara pisa na bola, eu meto moral. Funcionou e o babaca parou de contar piada de português. Agora era tudo piada de japonês: “Tinha dois japas, um era o Manuel e o outro era o Joaquim.”

Esse Bolsonaro é a maior furada. Cara mais ignorante. Falei pra ele dar um rolê até Portugal e ele disse que não ia pois não tinha tamancos e ficou rindo sozinho. Aí, eu falei pra ele: “Às vezes é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota do que abrir a boca e não deixar nenhuma dúvida.” O Bolsonaro tá processando a resposta e já pediu aos assessores pra lhe explicarem o que significa. Mas ele é militar, e militar ri três vezes quando a gente conta uma piada. Ri a primeira quando a gente conta, ri a segunda quando lhe explicam e ri a terceira vez quando compreende. De seguida falei pra ele que quanto menos os homens pensam, mais eles falam. E o cara ficou olhando para mim, rindo. Sei não.

E, agora, a moçada lá de Lisboa fica dando uma moral nesse assunto. Qué isso, minha gente? Larga meu pé e vai encher o saco de outro. Tá na hora de meter o pé daqui do Rio e ir pra Sampa. Lá, eu vou dar um lero-lero nos jornalistas portugueses e vou contar que esta viagem foi um sucesso, pois eu tirei muitas selfies com brasileiros. É assim um papo meio furado, vão falar que eu tô lelé da cuca, mas a parada não tá legal no meu pedaço e eu tenho que embromar a galera lá em Lisboa. Deu ruim, é verdade, mas eu tenho de fingir que a viagem não flopou. Se liga nessa, galera.