“Líder dos terroristas” em Moçambique está “fora de combate”, diz Nyusi

O presidente moçambicano frisa que, apesar da eliminação do líder terrorista no país, a luta contra o terrorismo continua.

O presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou esta sexta-feira, em Maputo, que o “líder dos terroristas” no país foi “colocado fora de combate”, mas alertou que a luta contra o terrorismo continua.

“Transmitimos essa mensagem, que continuávamos a lutar, e acabei ficando a saber que o chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique comunicou aos sargentos, aos soldados, aos oficiais, de que no dia 22 foi colocado fora de combate o líder dos terroristas em Moçambique, o Ibin Omar”, afirmou o chefe de Estado, na Presidência da República, após se reunir com o homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, que iniciou hoje uma visita de dois dias ao país.

“Então, significa que a perseguição prevalece e continua até onde os terroristas operam, em pequenos grupos”, acrescentou Filipe Nyusi.

“Dissemos aquilo que temos dito, que às vezes precisa de ser bem entendido, que o terrorismo não se termina, nem se pode afirmar do que acabou. Mas temos dito que aquelas vilas que estiveram nas mãos dos terroristas até 2021, todas elas, digo as capitais distritais, foram recuperadas pelas Forças de Defesa e Segurança, com o apoio dos nossos parceiros do Ruanda e da SAMIM [missão em Moçambique], da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral]”, disse ainda o chefe de Estado moçambicano.

O chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, Joaquim Rivas Mangrasse, anunciou hoje a eliminação do líder do terrorismo no país, o moçambicano Bonomade Machude Omar, juntamente com outros elementos da liderança do grupo terrorista.

“Da averiguação feita, e ela ainda continua, foi constatado, com evidências factuais, a colocação fora de combate do líder principal que dirige as operações desde a eclosão do terrorismo em Moçambique, o moçambicano Bonomade Machude, conhecido como Ibn [ou Ibin] Omar nas matas, conhecido também por Abu Suraka”, anunciou, numa declaração à imprensa, no quartel de Maringanha, em Pemba, o general Joaquim Rivas Mangrasse.

“As imagens estão disponíveis, estão a merecer uma avaliação definitiva, pois ao lado do líder terrorista Ibn Omar foram igualmente atingidos mortalmente mais dois seus seguidores diretos, ainda por identificar, na companhia de mais terroristas”, acrescentou, na mesma comunicação.

Ibn Omar, considerado o líder do grupo radical Estado Islâmico em Moçambique, foi visado pela segunda fase da denominada operação “Golpe Duro II”, em curso. No terreno em Cabo Delgado, combatem o terrorismo as Forças Armadas de Defesa de Moçambique, desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da SADC.

“Como temos estado a afirmar, o terrorismo ainda não terminou”, avisou hoje o general Joaquim Rivas Mangrasse, acrescentando que atualmente os rebeldes atuam em “pequenos grupos dispersos”.

“Estes são a razão da nossa permanente vasculha e limpeza”, afirmou.

“Contudo, reafirmamos que o inimigo foi desalojado de todas as sedes distritais que se encontravam ocupadas. Mais uma vez, as operações continuam em coordenação com os nossos parceiros”, acrescentou o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Moçambique.

O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou esta semana dois ataques às Forças Armadas de Moçambique na província de Cabo Delgado, norte do país, apontando a morte de pelo menos nove militares, mas ainda não confirmados oficialmente.

Em duas mensagens divulgadas pelos canais de propaganda do grupo é referido que o primeiro ataque resultou de uma “explosão de uma bomba” contra forças moçambicanas, no distrito de Mocímboa da Praia, sem mais detalhes.

No segundo alegado ataque, na mesma província, mas neste caso no distrito de Macomia, o grupo Estado Islâmico afirma que matou sete soldados moçambicanos e dois oficiais, numa “emboscada”.

O conflito no norte de Moçambique já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.