Kiev conta com nova ajuda dos aliados para reforçar contraofensiva a sul
Reino Unido, República Checa e Estados Unidos estão a fazer chegar equipamento bélico pesado, artilharia e sistemas de defesa antiaérea à Ucrânia.
Volodimir Zelenski saudou hoje os anúncios pelos aliados de mais ajuda militar, necessária para impulsionar a contraofensiva ucraniana na frente leste e sobretudo no sul, onde o exército conseguiu avançar, apesar da resistência russa.
“Os aliados estão a cumprir os acordos. Estão a chegar equipamento bélico pesado, artilharia e sistemas de defesa antiaérea. Continuamos a trabalhar nos próximos pacotes [de ajuda militar]. Em breve haverá mais notícias”, escreveu Zelenski no Telegram, informando sobre a sua reunião com representantes do governo e do exército.
O presidente ucraniano comentou assim a chegada recente de mais dois sistemas antiaéreos alemães IRIS-T SLS, dez radares Ground Observer 12 e meios de transporte de carga.
O Reino Unido comprometeu-se a reforçar a defesa antiaérea ucraniana, com a assinatura de três contratos de fornecimento desse tipo de armas por mais de 114 milhões de dólares (104 milhões de euros), que incluirão sistemas UAS e CORTEX Typhon.
Por sua vez, a República Checa anunciou a intenção de fornecer a Kiev helicópteros de assalto Mi-24B de fabrico russo, sem especificar a quantidade.
Os ucranianos também receberam com satisfação a aprovação por Washington do envio de caças F-16 pelos Países Baixos e a Dinamarca.
A única condição imposta pelos Estados Unidos para a entrega dos F-16 foi o treino de pilotos ucranianos, um processo que, segundo o The Washington Post, só ficará concluído em meados do próximo ano.
Entretanto, o exército ucraniano mantém a pressão na frente sul, onde recentemente conseguiu avançar sobre as localidades de Urozhaine e Novodarivka, nas regiões de Donetsk e Zaporijia, no âmbito do seu plano para chegar ao mar de Azov e cortar a ponte terrestre russa à anexada península da Crimeia.
O Estado-Maior do exército ucraniano afirmou, por seu lado, que as forças de Kiev fizeram abortar as tentativas do exército russo para recuperar terreno nestes setores da frente de combate. O comando militar ucraniano assegurou também ter contido os russos na frente de Kupiansk, na região de Kharkiv, e de Belohirivka, em Lugansk, e ainda ter travado as tropas russas nos arredores de Bakhmut, Avdiivka e Marinka, na região de Donetsk.
O norte-americano Instituto de Estudos da Guerra (ISW) estimou que “os recentes avanços ucranianos podem estar a enfraquecer significativamente a confiança da defesa russa no setor sul da frente” e são um sinal da degradação das forças russas.
“Os recentes avanços ucranianos a norte e nordeste de Robotyne [10 quilómetros a sul de Orikhiv], no oeste de Zaporijia, poderão permitir às forças ucranianas alcançar além dos campos de minas mais densos”, o que faria acelerar o avanço da contraofensiva, indicou o ISW.
Apesar destes feitos, alguns aliados da Ucrânia questionam a capacidade para conseguir, até ao final deste ano, cortar a ponte terrestre russa de ligação à Crimeia, principal objetivo da contraofensiva, segundo The Washington Post.
O diário norte-americano, que citou fontes “familiarizadas com o prognóstico confidencial” sobre os resultados da operação ucraniana, indicou que a “brutal habilidade da Rússia para defender o território ocupado” desencadeará dúvidas sobre os gastos milionários em dinheiro e armas, por um lado, e os poucos resultados, por outro.
Uma realidade recentemente reconhecida pelo chefe do Estado-Maior norte-americano, Mark Milley, ao afirmar que a ofensiva ucraniana “é longa, sangrenta e lenta e é uma luta muito difícil”.
Esta situação, de acordo com o jornal, poderá comprometer o recente pedido do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ao Senado, para aprovar mais 20.600 milhões de dólares (18.940 milhões de euros) de ajuda à Ucrânia.