Já a oposição parece não ter o gás necessário para desalojar os socialistas do poder que, como sabemos, é deles por direito. O principal partido da direita ainda teve fogacho vitorioso após o congresso, mas foi onda que não cresceu. O outro partido da direita, o partido sempre-noiva, bem que se mostrou oferecido, mas foi namoro rejeitado publicamente. Nunca se entra desesperado numa negociação. Ainda resta o furioso do extremo-descontentamento, mas que já mostrou que foi um balão que inchou muito e que se esvazia de uma forma evidente.
No campo oposto temos os “coronapussies”, que passam o dia agarrados às notícias, à espera de uma nova variante misteriosa que ainda está por vir e que nos matará a todos.
Porém, tentar compreender a direita tem-se mostrado um exercício penoso. É verdade que nessa área há muitas pessoas civilizadas e interessantes – aliás, a grande maioria. Mas, depois, há um contingente de alucinados que envergonham qualquer facção política.
Admiro muito o Reino Unido, não só por lá ter vivido clandestinamente uns anos da minha vida, a fugir do Home Office, mas também pelas enormes cultura e história desse povo. Neste momento fica bem falar mal dos britânicos. Devido ao Brexit, qualquer aspirante a comentador diz cobras e lagartos do caminho que esse povo escolheu. Há quase uma vontade de auto-satisfação secreta de que tudo corra mal aos ingleses.
Estamos presos a um modelo económico que não valoriza o emprego e o crescimento. Vivemos num país em que o salário mínimo está próximo do salário médio. Estamos presos a preconceitos ideológicos que já provaram não promover o crescimento e, no entanto, insistimos neles.
Munido de enorme coragem, lá me pus a caminho do hospital para a consulta. Senti algum consolo quando, procurando o serviço de dermatologia, passei pelo de urologia e pensei que, afinal, uma ida ao dermatologista não era assim tão mau.