Alemanha reforça apoio militar quando Europa já é o maior parceiro de Kiev
A última atualização da pesquisa do Instituto Kiel, a 7 de setembro, com base em dados reunidos até 31 de julho e em declarações públicas governamentais de ajuda à Ucrânia em 41 países, revela que a Europa, com 131,9 mil milhões de euros, “ultrapassou claramente” os Estados Unidos, de 69,5 mil milhões, na ajuda prometida à Ucrânia, sendo agora o total dos compromissos europeus duas vezes maior.
A Alemanha vai enviar mais apoio militar para a Ucrânia, que inclui veículos de combate Marder, tanques de remoção de minas e munições, anunciou hoje o governo alemão, numa altura em que a União Europeia já é o principal parceiro de Kiev.
Segundo o portal do executivo de Berlim, este equipamento e armamento provém das forças armadas alemãs e da indústria militar financiada pela Alemanha e inclui 20 veículos Marder, a somar aos 40 já anunciados na listagem anterior, e dois tanques de remoção de minas WISENT 1, que se juntam aos seis já prometidos.
A atualização de equipamento militar inclui mais veículos de transporte e ambulâncias, três mil cartuchos de 125 milímetros, 1,5 milhões de cartuchos de munição para armas de fogo e material para eliminação de munições explosivas, além de sistemas de vigilância e de deteção de drones, veículos de transporte e ambulâncias.
A Alemanha autorizou no início do ano o envio para a Ucrânia de tanques modernos Leopard, que Kiev pedia com insistência, a que se seguiram promessas de fornecimento de vários aliados, incluindo Portugal, e já forneceu uma ampla lista de armamento e de munições em que figuram dois sistemas de mísseis HIMARS.
Em discussão ainda está o envio de mísseis de longo alcance Taurus, que, apesar das pressões internas no parlamento, Berlim continua renitente em fornecer, por recear que sejam utilizados em território russo.
De acordo com dados do Instituto Kiel, que analisa as remessas de apoio internacional à Ucrânia, a Alemanha é, apenas atrás dos Estados Unidos, o segundo maior parceiro bilateral da Ucrânia em remessas de apoio financeiro, militar e humanitário desde o início da invasão russa, com um total de 20,8 mil milhões de euros, o que representa 0,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB).
A maior parte desta ajuda é militar (17 mil milhões de euros), seguida de apoio humanitário (2,4 mil milhões) e financeiro (1,4 mil milhões).
A última atualização da pesquisa do Instituto Kiel, a 7 de setembro, com base em dados reunidos até 31 de julho e em declarações públicas governamentais de ajuda à Ucrânia em 41 países, revela que a Europa, com 131,9 mil milhões de euros, “ultrapassou claramente” os Estados Unidos, de 69,5 mil milhões, na ajuda prometida à Ucrânia, sendo agora o total dos compromissos europeus duas vezes maior.
A principal razão é o novo “Mecanismo para a Ucrânia” de 50 mil milhões de euros até 2027, mas também outros países europeus terem aumentado o apoio com novos pacotes plurianuais.
“É notável a rapidez com que a Europa avançou para um novo e substantivo programa de apoio plurianual para a Ucrânia. Pela primeira vez, os Estados Unidos estão agora ultrapassados por uma grande margem”, observou o Instituto Kiel como destaque da atualização dos últimos números face à anterior, de 31 de maio.
Além dos novos compromissos da União Europeia como bloco, durante o verão foram divulgados novos compromissos plurianuais de vários países europeus, com realce para o alemão, 10,5 mil milhões de euros até 2027, e o norueguês de 6,6 mil milhões de euros em cinco anos.
Os Estados Unidos mantêm-se porém como o principal parceiro bilateral da Ucrânia, com 69,5 mil milhões de euros desde o início da guerra, dos quais 42,1 mil milhões são ajuda militar.
Portugal é o 25.º maior parceiro, num total de 335 milhões de euros, a maior parte em compromissos financeiros, num total de 256 milhões, e o 22.º maior per capita.
Ao todo, segundo os números do Instituto Kiel, entre 24 de fevereiro de 2022 e 31 de julho passado, os aliados de Kiev assumiram compromissos no valor de quase 238 mil milhões de euros.