Transição energética não significa abandonar petróleo e gás, defende a OPEC
Segundo os cálculos da OPEC, “o mundo vai precisar de quase mais 25% de energia face ao período atual até 2045 e, por isso, é importante explicar nestes eventos a importância de não abandonar uma forma de energia a favor de outra”.
O secretário-geral da organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC) disse hoje que a transição energética não significa abandonar o petróleo e o gás e que os países que dispõem de reservas destes recursos devem concretizar o seu potencial.
“É muito importante explicar que a transição não significa abandonar o petróleo e o gás. Há uma narrativa que está a ser comum em muitos países, até nos países produtores, em que a transição significa parar de produzir petróleo ou gás. Nós, na OPEC, cremos que isso é errado e perigoso”, afirmou, em Luanda, Haitham al Ghais, à margem da conferência Angola Oil & Gas.
“A economia global vai duplicar daqui até 2045 e a população mundial vai atingir quase 10 mil milhões de pessoas e a maioria desse crescimento vai ser nos países não-OCDE, ou seja os países do Sul Global e é natural que vão precisar de mais energia”, acrescentou.
Segundo os cálculos da OPEC, “o mundo vai precisar de quase mais 25% de energia face ao período atual até 2045 e, por isso, é importante explicar nestes eventos a importância de não abandonar uma forma de energia a favor de outra”, exortou Haitham al Ghais.
“O nosso foco tem de ser reduzir as emissões”, complementou, dizendo que há várias tecnologias e opções disponíveis para chegar a esse objetivo.
“É uma legitima aspiração de todos os países realizarem o seu potencial”, disse o responsável durante a sua intervenção na conferência, salientando que isso implica beneficiar das reservas de petróleo com que muitos países “foram abençoados”, incluindo em África.
“Infelizmente, há constantes esforços para travar alguns países de concretizarem o seu potencial”, criticou, lamentando as crescentes dificuldades de acesso ao capital sob pretexto de boa governação e os “discursos desencorajadores” que representam também “sérios riscos para segurança energética”.
Por outro lado, “é preciso um Investimento cumulativo para a indústria petrolífera de 12 biliões de dólares até 2045 e as estimativas anuais tem estado bem abaixo deste nível”, afirmou o líder da OPEC.
“Infelizmente, os discursos públicos sobre desafios ambientais tornaram-se mais polarizados, mas a realidade é que indústria petrolífera deve ser parte da solução. Todos partilhamos o mesmo objetivo, não se trata de reduzir uso de determinada energia, mas sim de reduzir emissões, queremos usar o conhecimento para encontrar soluções tecnológicas eficientes”, reforçou.
NJ Ayuk, presidente da Câmara Africana de Energia, interveio no mesmo sentido, destacando que as reformas que Angola tem promovido no setor “estão a funcionar e a indústria tem respondido”. Sublinhou também que a indústria petrolífera não deve ser abandonada, pois é uma fonte de crescimento para os países africanos.
Sobre o gás natural, adiantou que Angola tem promovido várias iniciativas para desenvolver o setor, considerando o gás como “uma ponte” para a transição energética e para tirar as pessoas da pobreza energética.
“Continuem a acreditar no petróleo e no gás”, apelou ao público, dizendo: “não devemos pedir desculpa por querer produzir petróleo e gás”.