Cerca de 115 mil pessoas celebram o Dia da Catalunha
Os catalães celebram hoje aquela que é, desde há décadas, uma jornada de reivindicação da independência, mas que perdeu poder de mobilização nos últimos anos, após a tentativa falhada de autodeterminação de 2017.
A manifestação de hoje do Dia Nacional da Catalunha (Diada) em Barcelona, associada à reivindicação da independência da região, contou com cerca de 115 mil pessoas, a menor mobilização em mais de dez anos, segundo dados da polícia municipal.
A manifestação da Diada de 2022 teve 150 mil participantes e, segundo a Guarda Urbana de Barcelona, essa já tinha sido a menor mobilização em dez anos, excetuando os da pandemia.
A Assembleia Nacional Catalã, entidade da sociedade civil que promove as manifestações da Diada, estimou em 800 mil os participantes na manifestação de hoje, mais 100 mil do que aqueles que calculou em 2022.
Os catalães celebram hoje nas ruas o Dia da Catalunha, desde há décadas uma jornada de reivindicação da independência, mas que perdeu poder de mobilização nos últimos anos, após a tentativa falhada de autodeterminação de 2017.
Entre 2012 e 2018, as manifestações da Diada mobilizaram centenas de milhares de pessoas e em alguns anos a participação chegou a ser superior a um milhão, de acordo com as diversas fontes.
Este ano, a Diada coincide com a formação do novo governo de Espanha, na sequência das eleições de 23 julho, que deram um papel determinante aos partidos independentistas catalães e bascos, por deles depender a recondução Pedro Sánchez no cargo de primeiro-ministro.
Apesar do protagonismo dos partidos independentistas, todas estas formações perderam votos e deputados, em favor dos socialistas, que ganharam mesmo as eleições de 23 de julho na Catalunha.
Os dois grandes partidos independentistas catalães, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) e o Juntos pela Catalunha (JxCat), que elegeram sete deputados cada nas eleições espanholas, já manifestaram disponibilidade para negociar a recondução de Pedro Sánchez como primeiro-ministro.
ERC e JxCat pedem uma amnistia para independentistas acusados e condenados pela justiça por causa da tentativa de autodeterminação de 2017 e querem que a possibilidade de um referendo sobre a independência faça parte dos acordos que eventualmente forem fechados com os socialistas.
Na última legislatura espanhola, a ERC já viabilizou o governo de Sánchez e negociou com os socialistas um indulto para os independentistas que estavam na prisão e a eliminação do crime de sedição do Código Penal. O JxCat votou contra a investidura de Sánchez e condenou o diálogo do executivo regional da ERC com o governo central.
A Assembleia Nacional Catalã pediu hoje aos dois partidos, no Dia da Nacional da Catalunha, para não esquecerem que o objetivo é a independência da região e não a viabilização da tomada de posse de Sánchez como primeiro-ministro ou “dar estabilidade ao Estado”.
No manifesto da Diada deste ano, a Assembleia Nacional Catalã admite mesmo apresentar uma “lista cívica” própria nas próximas eleições regionais, previstas para 2024, se a ERC e o JxCat não trabalharem com o objetivo de “tornar efetiva a independência”.
“Independência ou nada! Independência ou eleições”, disse a presidente da ANC, Dolors Feliu, no final da manifestação de hoje.
Na manifestação deste ano estiveram tanto dirigentes da ERC como do JxCat, depois de, em 2022, o presidente do governo regional, Pere Aragonès, da Esquerda Republicana, não ter participado, no auge de desentendimentos com o Juntos pela Catalunha e de críticas da Assembleia Nacional Catalã.
Um ano depois, os independentistas catalães, embora com troca de algumas acusações, voltaram hoje a sair juntos à rua, como tinha acontecido na década anterior.