Alunagem de sonda representa “dia histórico” para a Índia

Quatro anos após uma tentativa falhada, a Índia juntou-se agora ao clube muito restrito das grandes potências espaciais (Estados Unidos, Rússia e China) que chegaram à superfície da Lua.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, classificou o dia de hoje, em que a Índia se tornou o primeiro país a colocar uma sonda na superfície lunar junto ao polo sul, como “um dia histórico”.

“É um dia histórico para o setor espacial indiano”, escreveu Modi na rede social X (antigo Twitter).

O nacionalista hindu, que se encontra na África do Sul a assistir à cimeira de líderes dos BRICS – grupo de economias emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, fez uma pausa na sua participação para acompanhar em direto o momento da alunagem.

“Estes momentos históricos tornam-se a consciência eterna da vida da nação. Este momento é inesquecível, sem precedentes, é o momento de um toque de clarim de uma Índia desenvolvida, é um grito de vitória para a nova Índia”, declarou Modi, visivelmente emocionado.

Quatro anos após uma tentativa falhada, a Índia juntou-se agora ao clube muito restrito das grandes potências espaciais (Estados Unidos, Rússia e China) que chegaram à superfície da Lua.

A nave não-tripulada Chandrayaan-3, lançada a 14 de julho com o maior e mais pesado foguetão do país, demorou 40 dias na viagem e pousou hoje pelas 13:30 (hora de Lisboa) junto ao polo sul da Lua, nunca antes explorado.

“Conseguimos uma aterragem suave na Lua”, anunciou o diretor-executivo da Organização de Investigação Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês), Sreedhara Panicker Somanath, após a complexa manobra que fez da Índia o quarto país do mundo a conseguir pousar no satélite da Terra.

“Índia, cheguei ao meu destino. E tu também!”, lia-se na conta da Chandrayaan-3 na rede social X, pouco depois de confirmado o êxito da missão.

O módulo de aterragem leva no seu interior um veículo exploratório (rover) que iniciará em breve o seu trajeto para recolher informação e amostras da superfície, explicou Somanath.

“O rover sairá nas próximas horas, ou dentro de um dia, porque talvez leve mais tempo”, indicou o responsável à imprensa.

A alunagem é um feito especial para a Índia, que assistiu em 2019 ao fracasso da missão antecessora, o Chandrayaan-2, que tinha o mesmo objetivo e falhou precisamente na manobra de desaceleração para pousar na superfície lunar.

Naquela altura, a memória do país ficou marcada pela imagem do primeiro-ministro a tentar confortar com um abraço o então dirigente do ISRO, Kailasavadivoo Sivan, que se desfez em lágrimas perante o fracasso.

“Fizemos uma promessa na Terra e cumprimo-la na Lua. Os nossos camaradas cientistas declararam: ‘A Índia está agora na Lua’”, acrescentou hoje Narendra Modi.

A agência espacial indiana tinha explicado anteriormente que a descida dos últimos 25 quilómetros do espaço até à superfície lunar era a parte “mais crítica da aterragem”.

Nessa etapa, a velocidade de aterragem era de cerca de 1,68 quilómetros por segundo, com a Chandrayaan-3 em posição horizontal, e a manobra consistia em passar para a posição vertical durante a descida, o que dependeria da precisão de um cálculo matemático.

Um erro de cálculo foi o que causou o fracasso da missão Chandrayaan-2 em setembro de 2019.

No centro de comando da missão, o MOX, repleto de cientistas, convidados especiais e jornalistas, estes começaram a aplaudir de emoção e a abraçar-se quando a distância de descida ultrapassou os dois quilómetros na contagem decrescente, com a velocidade a diminuir cada vez mais e a superar os registos da tentativa anterior.