Marcelo adverte que qualquer solução que exclua Crimeia é ruído

Presidente da República exortou Moscovo a parar com a invasão em larga escala que começou há mais de um ano e meio e sem fim à vista, nem com uma contraofensiva ucraniana em curso há meses, mas com escasso progresso: “Queremos que a Rússia retire imediatamente as suas tropas!”

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu hoje que qualquer discussão sobre o futuro da Ucrânia que exclua a questão da península da Crimeia é “um ruído” disfarçado de apoio à população do país invadido.

“Não é possível separar a questão da Crimeia da invasão total do território da Ucrânia. Qualquer tentativa, subjetiva ou objetiva, de separar as duas questões representa não uma ajuda, não um apoio à população ucraniana, mas um ruído que é desnecessário”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, na abertura da cimeira da Plataforma Crimeia, em Kiev.

O chefe do Estado português recordou que o objetivo desta plataforma “foi, desde o início, o mesmo: nunca deixar que as pessoas esquecessem a Crimeia”. Todos os intervenientes nesta questão têm de recordar que o objetivo é “a recuperação da integridade territorial” da Ucrânia.

Marcelo Rebelo de Sousa reforçou a posição portuguesa: “A nossa fronteira é a fronteira da Ucrânia.”

Ladeado pelo presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que o conflito de hoje é indissociável da invasão da Crimeia em 2014, considerado o primeiro momento da violação da integridade territorial daquele país pela Rússia.

O Presidente da República apontou três pontos para uma “paz longa e duradoura” na Europa.

“Não se podem separar assuntos que não podem ser separados. Nunca podemos esquecer que as pessoas são a razão da nossa luta comum pela integridade territorial, soberania, democracia e liberdade; não se pode esquecer que não há liberdade e democracia sem coesão social, sem crescimento. E desenvolvimento quer dizer justiça social, até para a Crimeia”, disse.

Marcelo Rebelo de Sousa também exortou Moscovo a parar com a invasão em larga escala que começou há mais de um ano e meio e sem fim à vista, nem com uma contraofensiva ucraniana em curso há meses, mas com escasso progresso: “Queremos que a Rússia retire imediatamente as suas tropas!”

Pouco antes da intervenção do chefe do Estado português, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, considerou que a visita de dois dias de Marcelo Rebelo de Sousa “é histórica”.