PR moçambicano pede que profissionais de saúde em greve voltem aos hospitais

Filipe Nyusi faz apelo alegando “sofrimento da população”.

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu nesta quarta-feira que os médicos e outros profissionais de saúde em greve “voltem aos hospitais”, referindo que a interrupção de serviços leva ao “sofrimento da população”.

“Voltem ao hospital, voltem ao banco de socorro, ao laboratório, peguem o volante da ambulância e tratem o vosso, o nosso concidadão”, pediu o chefe de Estado moçambicano.

Filipe Nyusi falava à margem do lançamento do Festival Nacional da Cultura na Matola, nos arredores de Maputo.

O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrenta uma crise provocada por greves de funcionários convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM), contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias, e depois pela Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), que exige melhores condições de trabalho também para outros profissionais.

O presidente moçambicano pediu que se mantenha o diálogo visando “rapidamente encontrar soluções conjuntas e exequíveis à realidade do país” e sem prejudicar nenhuma das partes.

“Nós gostaríamos de ouvir amanhã que os nossos irmãos estão juntamente connosco a trabalhar”, vincou Nyusi, reconhecendo que, além dos seus próprios problemas, as exigências dos profissionais são para “resolver o problema das comunidades, quando falam das condições de trabalho”.

Nyusi reiterou que os pacientes “estão a sofrer” e precisam dos serviços de saúde, afirmando que tem “fé e esperança” que a sua mensagem chegou aos profissionais de saúde.

Os médicos moçambicanos aprovaram no domingo um novo período de greve de 21 dias, o terceiro consecutivo desde 10 de julho, apelando diretamente ao presidente, Filipe Nyusi, para terminar a atual crise que está a paralisar os hospitais.

“Decidimos prorrogar a greve por mais 21 dias, nos moldes em que vínhamos exercendo anteriormente, claro, com a prestação de serviços mínimos para que a nossa população não sofra mais”, anunciou o presidente da AMM, Milton Tatia, no final da assembleia geral, em Maputo.

Também no domingo, os profissionais de saúde moçambicanos – cerca de 65 mil serventes, técnicos e enfermeiros – iniciaram uma greve geral de 21 dias, mantendo apenas serviços mínimos em maternidades, berçários e urgências.

Exigem ao governo que sejam satisfeitas as reivindicações do sector, incluindo as da classe médica, conforme anúncio feito no sábado pelo presidente da APSUSM, o enfermeiro Anselmo Muchave.

Entre as exigências colocadas ao governo contam-se “providenciar medicamentos” aos hospitais, que têm de ser adquiridos pelos pacientes, aquisição de camas hospitalares, resolver a “falta de alimentação e de alimentação adequada” nas unidades de saúde e equipar ambulâncias com materiais de emergência para suporte rápido de vida ou equipamentos de proteção individual não descartável, cuja falta de fornecimento vai “obrigando os funcionários a comprarem do seu próprio bolso”.