Erdogan descarta visita de Putin à Turquia por tempo indeterminado
Presidente turco tinha anunciado várias vezes que estava a ser preparada uma visita oficial de Putin para agosto, que seria o primeiro encontro entre os dois líderes desde a invasão da Ucrânia por forças russas em fevereiro de 2022.
Recep Tayyip Erdogan descartou hoje a visita do seu homólogo russo, Vladimir Putin, à Turquia, que ele próprio tinha anunciado há semanas para o mês de agosto e que será adiada por tempo indeterminado.
“Em setembro ocorre a cimeira do G20 na Índia e a assembleia geral das Nações Unidas nos Estados Unidos. Se encontrarmos uma oportunidade nesta agenda densa, encontraremos Putin pessoalmente para conversar”, disse Erdogan.
O presidente da Turquia produziu estas declarações, publicadas pelo jornal turco Hürriyet, no avião que o trazia de volta de Budapeste no domingo à noite, em resposta a perguntas de jornalistas sobre os detalhes da visita planeada de Putin a Ancara neste mês.
Em julho passado, Erdogan tinha anunciado várias vezes que estava a ser preparada uma visita oficial de Putin para agosto, que seria o primeiro encontro entre os dois líderes desde a invasão da Ucrânia por forças russas em fevereiro de 2022.
Ancara manteve uma postura relativamente neutral no conflito, por um lado, declarando o seu total apoio à “soberania e integridade territorial da Ucrânia”, por outro, recusando-se a impor sanções à Rússia e instando ambos os lados a negociar.
Desde que Moscovo encerrou, em julho passado, o acordo de exportação de cereais ucranianos pelo Mar Negro, alcançado há um ano graças à mediação turca e das Nações Unidas, Erdogan intensificou os esforços para reativar o entendimento.
“O nosso objetivo, nas nossas conversas por telefone com Putin, é que a Rússia assuma uma posição positiva no corredor de cereais”, disse hoje Erdogan.
“Talvez o nosso ministro dos Negócios Estrangeiros [Hakan Fidan] viaje para a Rússia em breve. É muito importante conversar pessoalmente, e podem ser alcançados resultados mais precisos”, concluiu o presidente turco.
As relações entre Ancara e Moscovo arrefeceram no mês passado, quando a Turquia aceitou a adesão da Suécia à Aliança Atlântica, na cimeira da organização realizada em Vilnius, e que terá ainda de ser ratificada pelo Parlamento turco, depois de ter feito o mesmo em relação à Finlândia.
Na mesma altura, comandantes ucranianos do batalhão Azov, capturados em 2022 pelas forças russas no cerco de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, e entretanto libertados pela Rússia, regressaram a Kiev após uma visita do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, a Ancara, onde aqueles militares deveriam permanecer até ao fim do conflito, gerando fortes protestos de Moscovo.
Também hoje, Erdogan insistiu que a entrada da Suécia na NATO dependerá de o país nórdico cumprir os seus compromissos e, particularmente, de as autoridades suecas porem cobro a manifestações no país em que se procede à queima do Corão, livro sagrado dos muçulmanos.
“Antes do mais, a Suécia deve assumir o controlo das ruas de Estocolmo”, avisou o chefe de Estado turco, deixando em aberto potenciais consequências se “os objetos mais sagrados” do islão continuarem a ser “maltratados”.
Nos comentários publicados hoje pelo jornal Hürriyet, Erdogan disse que a velocidade dos trâmites no Parlamento turco, em outubro, sobre a entrada da Suécia na NATO será “diretamente proporcional” ao cumprimento das promessas feitas pelo país nórdico.
O governo turco anunciou há três semanas que a ratificação da adesão sueca à Aliança Atlântica seria debatida assim que as férias de verão do Parlamento terminassem, a 1 de outubro, mas Erdogan alertou hoje que não poderá garantir a velocidade do processo.
“Não sabemos quando o assunto será discutido nas comissões parlamentares e a que horas poderá ser aprovado”, disse o presidente turco.