Em conversa com os meus filhos comentava-se que os seus amigos planeiam, quase todos, acabar o curso e ir trabalhar para o estrangeiro. À primeira vista, é uma decisão enriquecedora em termos de experiência profissional. Mas, na verdade, o motivo é outro. Para quem está a começar a sua vida profissional, Portugal não oferece condições. Sabemos que a maioria desses jovens que vão trabalhar para o estrangeiro dificilmente poderá voltar para o seu país mantendo o mesmo nível de vida.

Estamos presos a um modelo económico que não valoriza o emprego e o crescimento. Vivemos num país em que o salário mínimo está próximo do salário médio. Estamos presos a preconceitos ideológicos que já provaram não promover o crescimento e, no entanto, insistimos neles.

Portugal é um paciente que está doente e continuamos a insistir, há anos e anos, no mesmo tratamento, apesar da evidente falta de melhoras. Toda a gente sabe que o doente está cada vez pior, mas insultamos quem nos chama a atenção para esse facto. A sensatez aconselharia o despedimento do médico e a mudança do tratamento.

A escolha que nos é oferecida está entre a extrema-esquerda, o bloco central e os liberais. O Chega, como em quase tudo, não conta quando falamos seriamente sobre qualquer assunto. Sabemos que são contra tudo e um par de botas, mas não sabemos do que são a favor.

A extrema-esquerda já provou que tem uma receita que conduz à miséria. Continuam a culpar a direita pela degradação económica, esquecendo-se de que apoiaram este Governo nos últimos anos e de que foi a esquerda que governou na maior parte do tempo nestas duas últimas décadas. Falam em melhor distribuição do bolo, mas não têm uma ideia do que fazer para que cresça. Lutam pelas migalhas e orgulham-se disso.

O bloco central é mais do mesmo. Um partido acha que a solução é o Estado, o outro partido acha que a solução é ainda mais Estado. Nenhum desses partidos tem a ambição de reformar o país. Propõem tratar o doente com Ben-u-rons, quando o doente já está nos cuidados intensivos. Ambos os partidos governam o país há 25 anos e, ao fim de todo esse tempo, continuamos a cair em todos os parâmetros de avaliação. São partidos de manutenção do status quo, que só fazem pequenas reformas quando a isso são obrigados.

O único partido que sabe que é preciso uma reforma de cima a baixo é o dos liberais. A Iniciativa Liberal transpira optimismo. Num país acomodado à mediocridade, preso ao fado do miserabilismo, há um partido que acredita numa solução e na sua exequibilidade. Podemos continuar no mesmo modelo, do qual já sabemos quais serão os resultados, ou podemos fazer a diferença.

O crescimento económico não virá com a actual excessiva carga fiscal. As empresas não vingam quando são afogadas em taxas, taxinhas e burocracias. A educação nunca melhorará enquanto seguirmos o modelo de centralismo soviético. Os milhares de portugueses que estão nas listas de espera e que morrem sem acesso à saúde merecem uma resposta corajosa de quem decide. São modelos que não funcionam e que só os mais obstinados ainda defendem. E defendem-nos, não porque acreditem neles, mas porque não conseguem reconhecer o erro. É o orgulho doentio que nos mantém agarrados à miséria.

Mudar é difícil. É sempre mais fácil mantermo-nos no universo que conhecemos, até quando o mesmo é degradante. Mas precisamos de mudar, pois mudar é ir mais longe. Precisamos da coragem de experimentar novos modelos. Não são modelos perfeitos, mas são modelos que já produziram bons resultados noutros países. Devemos isso aos nossos filhos. Devemos-lhes a oportunidade de viver em Portugal e aqui ambicionarem um futuro melhor. Devemos-lhes a coragem de reconhecer que o modelo que seguimos não foi o melhor, que algures ao longo do caminho nos acomodámos e perdemos a ambição.

O modelo liberal tem falhas? Sim. Mas vamos discuti-lo com mente aberta, boa vontade e libertos dos preconceitos ideológicos que nos trouxeram à situação actual. Não pode haver clubismo ideológico quando falamos do futuro dos nossos filhos. Esta cegueira trouxe-nos até à presente situação, só nos resta abrir os olhos e acreditar que a mudança é possível.