Há diversas formas de ouvir o “Dark Side of the Moon”, dos Pink Floyd. Pessoalmente, recomendo que se oiça o disco na sua variante “Dark Side of the Rainbow”. Esta variante consegue-se sincronizando o filme “The Wizard of Oz” (“O Feiticeiro de Oz”) com o disco “Dark Side of the Moon”. Claro está que se retira o som do filme, ficando só o som do disco dos Floyd. A doutrina divide-se sobre o momento exacto do filme onde se começa a tocar o disco, para uma perfeita sincronização. Segundo alguns, é ao primeiro rugido do leão da MGM, mas outros há que defendem que é só ao terceiro rugido, nos créditos iniciais. Sou do team “Terceiro Rugido”. Antes de pensarem em fazer a experiência em vossas casas, há que recomendar o acompanhamento químico ideal para essa sessão. Claramente, o correcto será a utilização de LSD, que garantirá uma intensificação dos pensamentos e das emoções, ao mesmo tempo que aumenta a percepção sensorial. Para esta experiência, não devem tentar substituir o LSD por outros tipos de pastilhas de segunda categoria que actualmente inundam o mercado. Mantenham-se fiéis ao original.

Recomendo também que esta experiência sensorial não seja feita a sós. Escolham um grupo de amigos com a sensibilidade igualmente alterada e será com certeza uma oportunidade para criar memórias futuras.

Mesmo sem fazer a sincronização com o filme, o “Dark Side of the Moon” não é um disco que possa ser ouvido como música de fundo. Exige empenho, pois cada audição pode ter uma interpretação diferente da anterior. Mas em relação à sincronização do filme com o disco, chamo a vossa especial atenção para estes exemplos:

1 – O filme é metade a preto-e-branco e a outra metade a cores. A primeira parte do filme tem a duração exacta do primeiro lado do disco dos Pink Floyd (isto se o disco tiver começado a ser tocado ao terceiro rugido do leão da MGM).

2 – No final do filme, Dorothy acorda em sua casa, ao mesmo tempo que o disco toca a música “Home, Home Again”.

3 – A música do disco “Brain Damage” começa ao mesmo tempo em que no filme começa a música “ If I only had a brain”. E muitas mais “coincidências” haveria a destacar. É hoje aceite pela comunidade floydiana mais esclarecida que o álbum “Dark Side of the Moon” se refere claramente a Dorothy e aos seus amigos do mundo maravilhoso de Oz e que isto é propositado, não se devendo a nenhum fenómeno de inconsciência colectiva.

Não defendo aqui que esta seja a única forma aceite de ouvir o “Dark Side of the Moon”. Há outras formas igualmente recomendadas. Se o meu estimado leitor for o feliz proprietário da raríssima versão quadrifónica deste disco, poderá então optar por colocar as quatro colunas de som à sua volta, a apontar para o centro. Nessa zona central, poderá deitar-se numas almofadas e tocar o disco do princípio ao fim. Recomendo que, quando se deitar, o seu estado já esteja devidamente alterado, sob pena de não sentir o disco na sua plenitude.

Dado que a versão quadrifónica só existe em vinil, haverá uma indesejável interrupção a meio para virar o disco. É sabido que, nalguns casos, o ouvinte não percebeu que o disco tinha acabado e continuou em estado catatónico durante horas, enquanto buscava o lado escuro da lua na sua cabeça.

Passados 49 anos da sua primeira edição, o “Dark Side of the Moon” continua a deslumbrar-nos com os seus conteúdos e estamos sempre a descobrir novas formas de o ouvir. No entanto, recomendo sempre que, caso esteja a tripar a ouvir este disco, tome cuidado com o início da música “Time”, pois o som intenso dos vários despertadores pode assustar o viajante mais sensível. Fora isso, boas audições.